segunda-feira, 27 de outubro de 2014

FRUTOS DE UMA CIRCUNSTÂNCIA


Seus rostos mudaram 
Enquanto seus gostos se arrefeceram, 
Os olhos entristeceram, 
Os lábios se afinaram, 
As lembranças aos poucos se apagaram 
Entre os seus travesseiros.
           
Arrastam-se entre cômodos, 
Incômodos em sua própria casa. 
No sofá são uma vaga 
Ideia do que um dia foram.

           
Não contam mais os anos 
Entre seus dedos enrugados, 
Nem têm um futuro planejado 
Pois são o destino decadente de serem humanos.

            
Quando falavam que se amavam 
(Quando amar tinha algum sentido) 
Sussurravam ao ouvido 
E enfim, silenciavam-se.

           
Agora se mantêm calados 
Com o olhar perdido na distância 
Que os conserva nessa estranha infância, 
Debilmente separados.

           
Meus avós são relicários, 
Frutos de uma circunstância.

SOMOS NÓS DOIS

 Saímos de casa a sós, A procura de nós mesmos. Encontramos um ao outro, Sem temores, nem segredos. Na união de nós dois, Vislumbramos um ca...