terça-feira, 27 de julho de 2010

Estranhas narrativas



Estranhas narrativas /
João Felinto Neto - Mossoró, 2007.
77 p. (1ª Edição )
ISBN: 978-85-905035-9-0
Literatura brasileira – Prosa




JUDAS NO PODER

Há muito tempo atrás, havia entre o povo judeu, um homem chamado Judas Iscariotes, que entregou com um beijo na face o seu messias, traindo-o.
Nos tempos atuais, temos o nosso próprio Judas, que não trai a um único homem, mas a milhares deles, que dão através de seus votos o destino de suas vidas; e não usa do mesmo artifício de beijar o rosto, mas brutalmente com um tapa na cara; entrega todo o patrimônio de seu povo à corrupção.
Enquanto Iscariotes era um dos doze apóstolos, o nosso Judas é cada político que ludibria através da hipocrisia, e usa de artifícios demagógicos para conquistar o poder.
Pelo caráter de sua posição, poderia ser comparado ao outro que se dedicava com seus onze companheiros e seu mestre à salvação de seu povo. Pelo contrário, junta-se aos seus companheiros, que são bem mais que onze, faz-se de salvador e subjuga seu povo à condenação de perder a liberdade e viver a mercê de sua ganância.
Uma coisa não se pode negar, o nosso Judas tem cacife, enquanto o Iscariotes traiu por trinta moedas de prata, o nosso trai por milhões de dólares em contas suíças. Os dois têm algo em comum, são traidores, porém o Judas dos cristãos traiu para salvar a própria pele; enquanto o nosso trai para salvar o próprio bolso.
O Judas cristão, todavia, teve consciência, dignidade e coragem para colocar uma corda no pescoço e suicidar-se. Consciência é coisa que o nosso, infelizmente, não tem, nem dignidade e muito menos coragem. Contudo, politicamente tem uma corda no pescoço, o nosso voto. Resta-nos agora, enforcá-los.

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