terça-feira, 17 de setembro de 2013

NÃO ME LIMITO



Não me limito

ao pão de cada dia,

ao revés de uma moeda podre,

à extrema unção

do padre na igreja,

à sobremesa

dada ao gato sob a mesa,

à tristeza

nos olhos do menino pobre

que pede ao nobre

a bebida de seu pai alcoólatra.

Não me limito

a aceitar o preconceito

como remédio

à minha falta de zelo.

Não quero ser feito

e nem fazê-lo,

apenas me aborreço

com a hipocrisia.

Não me limito

à morrer de alegria

quando estou à frente

de um multimilionário.

Não me limito

aos dias riscados no calendário ,

às férias que terei no deserto,

às fotografias

em cima de um Dromedário,

à rosa preferida,

a D’ália,

mãe e rosa,

rosa mãe

e cheiro.

Não me limito

ao que compra o dinheiro.

O meu orgulho,

herança de meus pais.

O meu limite é mais

que simples gesto.

É indigesto

o meu depoimento.

Não me alimento

de rezas e defuntos.

Sou para muitos

apenas ilusão

e sem razão.

Escova os seus dentes

que não sorriem na sua artificialidade,

assim o meu avô

gravou na sua idade

um centenário de recordação.

Não me limito

a ter a pretensão

de iluminar a lua

com uma lanterna

e não almejo

a ter uma vida eterna

na altura de minha volatilidade.

Não manuseio cópias de mim mesmo

e não rateio

as contas dos aposentados.

Não me limito

ao choro dos desempregados

e não prometo

cumprir a minha jura

quando jurei com os dedos cruzados.

Não me limito

a colocar em dia

meus dias atrasados.

Não me limito

ao pó debaixo dos seus pés

ao que invés

de mim será você.

Não me limito

a individualidade existencial,

ao bem,

ao mal,

posto que sou bem mais que eu.

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